28 a 31 de Dezembro de 2024
Tenho que agredecer a meus tios, Flávia e Alexandre, por me darem a oportunidade de conhecer esse lugar incrível. Por mais que o clima seja muito similar àqueles encontrados no Sudeste brasileiro, a geologia da região gera um ambiente completamente distinto.
Em primeiro lugar, Yucatán é um subcontinente: se trata de uma pequeno cráton, embasado por rochas intrusivas e metamórficas do Paleozoico ao Triássico (o Bloco Maia ou de Yucatán). O bloco estava encaixado entre a América do Sul e do Norte durante o Pangeia, juntamente com o bloco das Bahamas e o de Nicaragua-Honduras. Durante a separação do supercontinente, todos esses blocos menores formaram ilhas ou plataformas marinhas rasas, e só no Cretáceo formaram a cadeia continental contínua que formam hoje, eventualmente se juntando com a América do Sul no Cenozóico.
Ao longo de todo esse tempo, esse embasamento foi soterrado por sedimentos marinhos de águas quentes (carbonatos e algumas lamas), com uma abundância incrível de fósseis. É esse terreno plano e carbonático que foi herdado para a península hoje em dia, e define a maioria de suas características marcantes.
Talvez a característica que mais diferencie essa região do resto dos trópicos úmidos no mundo inteiro seja a ausência de rios. Como os carbonatos tem uma drenagem excelente, toda água da chuva (que não é pouca - 1000-1500 mm anuais) se infiltra para o subsolo, formando imensos e lindos sistemas de cavernas. Essas águas subterrâneas formam um lençol freático abundante e só afloram para a superfície nos locais onde essas cavernas colapsam e formam os famosos cenotes.
A água em Yucatán reina absoluta. Lá nenhuma rocha oferece resistência ao mar ou à chuva, e ela pode desenvolver todos seus caprichos estalagmíticos no próprio ventre da península. Talvez os carbonatos tenham saudades do oceano primordial onde foram formados, e abram os braços para receber calorosamente sua geradora. Na superfície, o fluxo subterrâneo e secreto da água sem avisar molda as vegetações da península, e mantém ao longo dos milênios o terreno tão plano quanto o próprio mar. Os maias, ainda muito presentes na península, dizem que o deus da chuva – Chaac, o narigudo – vive nas cavernas e cenotes.
Visitando as ruínas de Cob-ha (água turva em maia), tivemos o privilégio de ser acompanhados por Cen, agricultor que trabalha como guia turístico nas temporadas altas. Ele nos ensinou sobre a diversidade de plantas na região e todos os seus muitos usos tradicionais, além da história do povo maia e de sua relação com os espanhóis. Ele contou como a maior parte das cidades maias foi abandonada até o século XIII, e a maioria já vivia em pequenas fazendas na floresta. Isso facilitou muito a resistência contra a aculturação espanhola, pois os pequenos poblados selváticos eram difíceis de controlar e controlar.
Queria registrar algumas informações interessantes que ele nos compartilhou:
Agresivo
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